(1923-1954) considerado o "Camus sueco", em perene revolta contra a condição humana, anárquico visceral, militante sempre do lado dos ofendidos e humilhados, incapaz de se contentar com verdades estabelecidas, permanece na literatura sueca uma daquelas figuras de culto que não se deixa jamais de reler e redescobrir. A partir de 1946, escreveu quatro romances, quatro peças de teatro, poemas, contos, artigos, roteiros de cinema, que continuam a ser traduzidos e editados. Atormentado por uma longa crise criativa e angustiado pelo peso das enormes expectativas criadas pelo seu talento, suicida-se em 1954.
Stig Dagerman nos obriga a colocar em dúvida as verdades recebidas e a nos olharmos no espelho, como indivíduos, como sociedade, mas sobretudo como seres humanos. Rebelde à injustiça em todas suas formas de manifestação, sua obra preserva uma forte atualidade, assim como sua reflexão política e cultural. A essa faceta do grande autor sueco é dedicada essa antologia de escritos publicados em jornais e revistas literárias e anárquicas. Com uma surpreendente capacidade de ler o próprio tempo e prever o nosso, com sua coerência extrema, Dagerman denuncia as "gaiolas" da moderna democracia, mas sobretudo reivindica o papel da literatura "de mostrar o significado da liberdade", de provocar as consciências para resgatar o homem e seus valores fundamentais: a igualdade, a defesa dos mais fracos, a solidariedade. E confessa seu conflito de escritor dividido entre o empenho social e a inviolável autonomia da imaginação, que deve seguir livremente os próprios caminhos para "tocar o coração do mundo". Se a política é definida como a arte do possível, isto é, dos limites, do compromisso, da renúncia à esperança, Dagerman defende com toda sua força a necessidade de uma "política do impossível".