Epicteto, um dos principais representantes do estoicismo, deixou em seu legado ensinamentos éticos com preceitos práticos para questões atemporais sobre a arte de viver melhor.
Este sucinto e primoroso Manual filosófico, compilado por seu discípulo Flávio Arriano e apresentado aqui em versão bilíngue (grego-português), reúne 53 aforismos de teor ético que expressam a preocupação fundamental de Epicteto: a conduta e o comportamento do ser humano em sociedade, e seu reflexo na manifestação da tão sonhada felicidade.
Seus ensinamentos reúnem lições singelas e objetivas sobre como conduzirmos nosso aprimoramento moral pessoal - através da prática de virtudes como a tolerância, a benevolência, a discrição, a simplicidade, a justiça, a moderação e a coragem, em comunhão harmoniosa com a natureza e em aceitação tranquila de tudo o que ocorre e que nos atinge - e convivermos pacificamente com nossos semelhantes, ainda que os relacionamentos sejam desafiadores.
Com ampla repercussão nos círculos intelectuais do Império Romano, este Manual exerceu marcante influência no pensamento e na conduta do imperador estoico Marco Aurélio.
Epicteto de Hierápolis (c. 50-120 d.C.) nasceu na Frígia, na condição de escravo, mas desde a juventude praticou algumas das virtudes que viriam a se tornar o fio condutor de sua ética filosófica, como a tolerância, a paciência e a fortaleza. Depois de liberto, conheceu a filosofia estoica e veio a representar, com Sêneca e Marco Aurélio, a terceira fase do estoicismo. Seu estilo de vida simples e sóbrio atraiu um incontável número de discípulos. Dentre eles, Flávio Arriano, que viria a transcrever e compilar seus ensinamentos orais, posteriormente publicados como o Manual que temos em mãos. Epicteto não constituiu família nem deixou descendentes, mas legou à humanidade sua filosofia sobre a arte do bem viver.
Edson Bini é um consagrado e produtivo tradutor, sendo esta sua atividade principal há mais de 40 anos. Nasceu em São Paulo, em 02 de dezembro de 1946. O primeiro livro que leu na vida foi O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Aos 12 anos se apaixonou por filosofia quando leu pela primeira vez Platão. Estudou filosofia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e seu interesse inicial pela língua grega foi despertado nas primeiras aulas do professor José Cavalcante de Souza (doutor em língua e literatura gregas) quando ele escrevia fragmentos dos pré-socráticos em grego no quadro negro. Nesta época, década de 70, iniciou sua atividade como tradutor e redator, além de se dedicar ao estudo da história das religiões. Trabalhou com o jornalista e escritor Ignácio de Loyola Brandão. Realizou dezenas de traduções nas áreas da filosofia, inclusive filosofia do direito, para as editoras Hemus, Ícone, Martins Fontes, Landy, Loyola e, há quase 20 anos, é tradutor da Edipro, ocupando-se principalmente da tradução anotada, de cunho marcantemente didático e formativo, de grandes obras da filosofia grega antiga, embora haja também trazido para nosso vernáculo autores como Maquiavel, Kant, Montesquieu, Nietzsche, Rousseau, Bacon e Descartes. Dedicando-se, sobretudo, à tradução anotada durante este período, seu trabalho que ganhou maior notoriedade foi a tradução das obras completas de Platão e, na sequência, das obras de Aristóteles.